Um artigo sobre a grande desconexão entre marcas e pessoas, com dados, frustração real e ideias à mistura.
Mais um artigo. Mais uma campanha. Mais um vídeo no LinkedIn com alguém a dizer “aqui vai uma dica rápida de marketing”.
E o que acontece do outro lado?
Nada. Silêncio. Um like do teu colega de equipa e dois emojis do estagiário da empresa-parceira. E é isto.
A pergunta que andamos todos a evitar: Será que alguém ainda dá a mínima importância para o que publicamos?
Durante anos vendemos a ideia de que tudo começa por “conhecer o teu público”. ICP, buyer personas, dor, problema, conteúdo certo para o canal certo.
Tudo direitinho. Tudo lógico.
Só que não funciona. Não mais.
Porque neste momento, as pessoas não estão à procura de coisas feitas para elas. Estão a fugir de tudo o que parece ter sido feito com um objetivo.
Elas não querem conteúdo. Querem humanidade. E o que estamos a fazer? A empurrar mais PDFs.
A verdade crua: os sites das marcas já não são vistos como fonte de verdade — são vistos como uma performance desesperada de vendas.
Todos a gritar “olha para mim!”, com landing pages que cheiram a automação e blogs que repetem as mesmas 10 dicas de sempre, copiadas da mesma checklist de SEO.
O tráfego não caiu por acaso. Neste caso, fugiu. Foi repelido.
E se… o problema for que tratamos as pessoas como targets? Como números que têm de ser “movidos pelo funil” com a campanha certa?
A internet já não funciona à base de funis. Funciona por momentos de identificação profunda. Aqueles segundos em que alguém vê uma ideia e pensa:
“Caramba. Isto sou eu.”
Mas para isso acontecer, não basta conhecer a persona. É preciso entender o funcionamento interno de quem está do outro lado. Não o seu perfil demográfico. Mas a sua forma de ver o mundo. A sua confusão interna. As suas dúvidas.
E nada disso cabe num prompt de IA.
Durante uma conversa no Slack entre profissionais da área, surgiu uma questão simples:
“As pessoas ainda ligam ao que escreves no teu site? Ao que dizes nas redes? Ao que um especialista em SEO diz no YouTube?”
A resposta? Não é linear. Mas uma coisa ficou clara: o targeting já não é suficiente.
Não basta falar para o ICP. Nem para a persona. Nem para o setor. Hoje, o conteúdo que realmente conecta é aquele que fala ao modo de funcionamento psicológico das pessoas.
E isso não se escreve com fórmulas.
Isso sente-se. Isso vive-se. Isso traduz-se em marcas que mostram, na forma como escrevem, que estão no mesmo estado de espírito que quem as lê.
Segundo a Marketing Dive, 2025 será o primeiro ano desde 2009 em que o consumo de media (tradicional e digital) vai cair. Fonte
A comScore mostra que o tempo médio gasto em websites caiu 11% entre 2021 e 2024.
E o Google já sinalizou que quer “conteúdo com experiência real”, o que é um grito claro contra conteúdos que existem apenas para ranquear.
O público não desapareceu. Ele simplesmente deixou de acreditar no que está a ver.
Fizemos dezenas de artigos otimizados com todas as boas práticas: H1 certo, keywords com volume, links internos. Resultado? Visitas. Mas nenhuma lead.
Só quando alinhámos conteúdo com ponto de vista, com opinião, com experiência direta — é que os leads começaram a chegar. Poucos, mas certos.
Muitas empresas B2B continuam a querer parecer grandes. Mas o que cresce a marca não é parecer, é clareza.
Em todos os projetos em que usamos linguagem concreta e direta, o tempo médio do ciclo de vendas reduziu, a marca ganhou reputação e vimos uma redução no CAC(Custo de aquisição por cliente).
Produzir conteúdo semanal só para manter cadência?
Resultado: desgaste da equipa, conteúdo sem alma, zero retorno.
Agora, só publicamos se houver algo a dizer.
A consequência? Menos volume, mais impacto. Maior autoridade percebida. Menos desinteresse nas métricas.
Porque neste momento, a autoridade perdeu o microfone. As pessoas não seguem os maiores. Seguem os mais nítidos.
Estamos todos a tentar “crescer com conteúdo” como se ainda fosse 2014.
As pessoas não vão voltar só porque publicaste.
E se ainda achas que “uma boa estratégia de conteúdo” resolve o problema, estás a tratar o sintoma e não a doença.
A doença? Perdemos o contacto com a realidade.
Pode ser que estejas a sentir isto há algum tempo, mas não sabias como dizer.
Então aqui está, cru e simples: A maioria das marcas está a criar conteúdo que ninguém pediu, ninguém leu, ninguém confiou, e ninguém se lembra.
E continuar a fazer mais do mesmo, só porque “é assim que se faz”… É exatamente o que te vai tornar irrelevante.